Sunday, January 3, 2010

Breve história da UPA/FNLA

A UPA (União das Populações de Angola) foi fundada em Dezembro de 1958 na cidade de Accra, no Gana, e teve como principais dirigentes, na sua fase inicial, os seguintes nomes: Holden Roberto, Manuel Barros Nekaka, François Dombe, António Malembe, Francisco Lulendo, Martim Sumbu, Rosário da Conceição, Alexandre Tati e João Eduardo Pinock. Pouco tempo depois da sua fundação a UPA transfere-se para Léopoldville, capital do Zaire.
Os primeiros actos políticos da UPA deram-se precisamente em Dezembro de 1958 quando Holden Roberto participou nas Conferências Pan-Africanas e Afro-Asiáticas e na Conferência dos Neutralistas em Belgrado. Em território angolano a acção política da UPA iniciou-se em Outubro de 1959 com uma série de distribuições de panfletos nas regiões de Nóqui, Bembe, São Salvador e Buela. A UPA estendia a sua influência, sobretudo, no norte de Angola junto da etnia backongo, de onde era originário o seu líder Holden Roberto. A nível ideológico a UPA caracterizava-se por um forte sentimento regionalista e por uma certa aversão ao comunismo. Em termos de relações internacionais estas davam-se principalmente com o Zaire e com os Estados Unidos da América (EUA).
A 15 de Março iniciam-se os massacres no norte de Angola, tendo sido de imediato reivindicados pela UPA, o que viria a marcar, de forma negativa, o movimento ao longo dos anos. Após ter recusado uma frente única de combate em conjunto com o MPLA, por Holden Roberto temer uma possível subalternização em relação ao MPLA, a UPA funde-se em Março de 1962 com o Partido Democrático de Angola dando origem à Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA). Ainda durante este ano a FNLA proclama o Governo da República de Angola no Exílio (GRAE). O GRAE era liderado por Holden Roberto, que ocupava o cargo de Primeiro-Ministro, no entanto também lá encontrávamos Jonas Savimbi, ao tempo membro da FNLA, cabendo-lhe o cargo de Ministro dos Negócios Estrangeiros. Em 1963 o GRAE é reconhecido pela Organização de Unidade Africana (OUA). A FNLA gozou de algum prestígio a nível internacional até 1964 devido à luta armada que desenvolvia de forma relativamente constante no interior de Angola. No entanto, e devido à dependência que o movimento tinha em relação aos EUA, esse prestígio vai-se esbatendo o que provocou a retirada de confiança por parte dos dirigentes africanos e o reconhecimento do MPLA em 1968, por parte da OUA, como o único movimento de libertação legítimo do povo de Angola. Em 1972 as divergências com o MPLA são postas de parte e é constituído pelos dois movimentos o Conselho Supremo de Libertação de Angola, cuja presidência e direcção política era exercida por Holden Roberto, cabendo a Agostinho Neto a vice-presidência e a direcção militar. Mas as diferenças eram muitas e este entendimento nunca chega a efectivar-se. Após o 25 de Abril de 1974 Holden Roberto inicia negociações com as autoridades portuguesas e a 12 de Outubro assina em Kinshasa um acordo de cessar-fogo. Em Janeiro de 1975 a FNLA torna-se signatária dos Acordos de Alvor onde se determina o dia 11 de Novembro do mesmo ano como a data da independência de Angola. No entanto, a partir de Março a FNLA tenta quebrar a posição do MPLA em Luanda e inicia-se um período de conflito militar que perdura, entre estes dois movimentos, até 1976. Durante este período a FNLA passa a ser vista como o principal bastião contra a influência comunista que se registava na nova Angola independente o que implica algum apoio internacional, sobretudo dos EUA, do Zaire e da África do Sul, ao mesmo tempo que contava com o contributo de antigos elementos do exército português e de mercenários estrangeiros. Contudo as forças militares da FNLA falham a entrada em Luanda antes da declaração de independência e as derrotas militares sucedem-se, recuando perante o exército do MPLA e seus aliados cubanos. Em 1980 Holden Roberto assina um acordo entre Mobuto Sese Seko e Agostinho Neto e aceita abdicar da luta armada e a exilar-se em França. Em Agosto de 1992, quando se realizaram as primeiras eleições em Angola, Holden Roberto regressou ao seu país e encabeçou a candidatura da FNLA, quedando-se por um modesto resultado.